CRÓNICAS DA MINHA TERRA
DESAPARECEU EM COMBATE, OU DESERTOU?
É por demais conhecido, a má imagem e a pouca consideração que os portugueses têm pelos políticos, em especial pelos deputados dos parlamentos Nacional e Regional, catalogando-os com todos os adjectivos possíveis e imaginários.
Acredito que, muitas das críticas e dos adjectivos sejam injustos, porque como em todas as profissões, também nos deputados haverá os bons, os menos bons e os maus, mas, muitas vezes, são os próprios políticos que se põem a jeito para que o público assim os classifique.
Não foi isso que os senhores deputados fizeram nas últimas semanas, dando tiros, certeiros, nos pés?
Na Assembleia da Republica, foi aprovada, quase em segredo, uma Lei de financiamentos dos partidos, que por mera coincidência (?), foi aprovada por todos os partidos, e, só não o foi por unanimidade, porque houve uma honrosa excepção, a do deputado António José Seguro do PS, que votou contra.
Até o BE que se afirma como paladino das liberdades, da lisura de processos e da transparência da vida política, votou a favor, o que não deixa de ser enigmático.
Num momento em que, os senhores deputados, deviam estar empenhados em encontrar soluções para resolver a profunda crise em que o País está mergulhado, com o desemprego a aumentar catastroficamente, as famílias a viverem com imensas dificuldades, a pobreza aumentar todos os dias, cada vez mais pessoas a não ter que comer, etc, o que preocupa os deputados de Portugal, pagos a peso de ouro pelos impostos dos portugueses que vivem com enormes dificuldades, é assegurar o financiamento das suas agências de emprego.
Esta Lei, vem provar que os partidos não estão interessados em travar a corrupção e muito menos acabar com ela, porque assim, podem receber dinheiro vivo por baixo e por cima da mesa, sem qualquer constrangimento legal.
Sim senhor, que lindo exemplo. Que raio de democracia é esta? Que raio de País é este?
No entanto, nos Açores, os deputados regionais, também não quiseram ficar atrás e com toda a sua petulância, em vez de se preocuparem com questões de fundo, preocuparam-se foi com um tema sem interesse e sem qualquer urgência, como as touradas picadas.
Nada tenho contra as touradas picadas, ou não picadas, até gosto de touradas, mas, o que não se pode admitir é que 57 deputado, principescamente pagos, em vez de se preocuparem a tentar resolver problemas concretos dos Açores, levem o seu tempo a dar uma péssima imagem do parlamento, aliás, os dias em que este tema foi “discutido” no parlamento regional, foi uma vergonha, com pedidos sucessivos de adiamento da votação, por vários partidos, para ver se chegava um deputado que tinha subscrito a proposta mas que não aparecia, chegando ao ponto de a RTP/A dizer que o deputado do Corvo estava desaparecido. Será que desapareceu em combate?
Ou desertou por medo de ser “picado” no combate?
Lamentavelmente, nestes três dias, falaram mais do deputado do Corvo, que em mais de quatro anos que já leva de parlamento. É pena que não tenha sido pelas melhores razões.
II
Este ano, foi decidido que o dia da Autonomia vai ser celebrado no Canadá.
Quando estamos numa profunda crise, não só nos Açores, mas em todo o Mundo, será que é o momento mais oportuno para o fazer?
Não está em causa o local e compreendo que a decisão de realizar esta comemoração, tem de ser tomada com antecedência e, possivelmente, quando foi decidida esta opção, ainda não estávamos na actual situação económica.
No entanto, atendendo ao momento de crise em que estamos mergulhados, não se podia conter alguns dos gastos?
Será imprescindível que vão, ao Canadá, todos os 57 Deputados Regionais?
Será fundamental que vão tantos membros do governo e tantos convidados?
Fiquei chocado quando ouvi o deputado, Artur Lima, afirmar que a ida de todos os deputados era uma questão de dignificar o parlamento no Canadá.
Óh senhor deputado, pelo amor de Deus, a dignificação do parlamento, não é, nem nunca será, directamente proporcional à quantidade, mas sim à qualidade dos deputados.
Este despesismo é um ultraje e um desrespeito para com todos aqueles que, com os seus impostos, vão suportar este esbanjamento, enquanto a maioria dos contribuintes vivem com dificuldades para conseguirem cumprir com os seus compromissos, para manter os filhos nas creches e nas escolas e até para lhes dar de comer.
Haja vergonha, haja bom senso, porque depois, bem, depois, não se admirem que os eleitores estejam cada vez mais divorciados dos seus eleitos e que a abstenção cada vez mais ultrapasse os 50%. O próximo dia 07 de Junho se encarregará de o demonstrar.
O grupo Vencidos da Vida, constituído por figuras de relevo da vida intelectual e política, como Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz e vários outros, num dos seus jantares em 1888, definiram assim a política: “A POLITICA NÃO PASSA DE UM BANQUETE, O CASO É SABER QUEM A PAGA”. “OS VENCIDOS TÊM POR COSTUME PAGAR O SEU”. Só que a política de hoje sabemos, muito bem, quem a paga.
P.S. – Já tinha este artigo concluído, quando, ontem, vi e ouvi na RTP/A, o Presidente do Governo Regional a afirmar que o VOTO devia ser obrigatório. Nem queria acreditar, pensei que estava a sonhar, esfreguei os olhos para ter a certeza que estava acordado e que não era o camarada Hugo Chávez, que estava dizendo tal absurdo.
Senhor Presidente César, se há coisa que a democracia nos proporciona, é a liberdade de votarmos em quem quisermos e até de não votar. A abstenção não se combate com Leis, mas sim, com a verdade, com políticas e acções concretas junto do eleitorado. Se hoje, V.Exª. governa legitimado por apenas cerca de um terço do eleitorado, é o momento para fazer um exame de consciência e analisar as causas de tal situação.
Se tal disparate fosse por diante, uma coisa posso afirmar, já mais iria votar, quais quer que fossem as consequências, nem mesmo com uma G3 apontada à cabeça. Garantidamente!
CRÓNICAS DA MINHA TERRA
Quando em Maio de 1974 o PPD foi fundado, logo se impôs ao eleitorado português, pelo seu programa e pelo carisma do seu principal fundador Francisco Sá Carneiro. O mesmo aconteceu depois nos Açores, pela mão do Dr. Mota Amaral, chegando mesmo a se organizarem núcleos em algumas ilhas, por iniciativa própria dos seus habitantes e sem qualquer interferência exterior, um caso que só sociologicamente poderá ser analisado.
Com a aprovação da Constituição da República, que incluiu a Autonomia Regional, da qual o PPD foi o principal arauto, contra uma esquerda desconfiada, seguiram-se várias actos eleitorais, entre eles as primeiras eleições regionais e autárquicas, respectivamente, em Julho e Dezembro de 1976 e que deram estrondosas maiorias ao PPD em todas as ilhas. Se a memória não me atraiçoa, nas autárquicas, o PPD só perdeu a Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores para o CDS.
Dado o reduzido universo eleitoral, o primeiro resultado a ser conhecido nas autárquicas e consequentemente a primeira Câmara e Assembleia Municipal a serem eleitas, em todo o País, foi no Concelho do Corvo e para o PPD, com grande orgulho dos seus militantes e simpatizantes.
Passados 35 anos sobre a fundação do PPD o que é que vemos, hoje, no Corvo?
Um PPD/PSD, que teve que se coligar nas ultimas autárquicas, com o CDSPP, sendo deste partido o cabeça de lista.
Um PPD/PSD, remetido para um vergonhoso quarto lugar, nas ultimas Regionais e pior que tudo isso, não é capaz de ter um candidato, “ganhador”, para apresentar às próximas autárquicas.
Porque chegou o PPD/PSD, no Corvo, a tão vergonhosa situação?
A quem devem ser assacadas as responsabilidades de tamanho descrédito?
Eu sei que, agora, é muito fácil atirar culpas para cima dos actuais dirigentes de ilha. Mas, o grande mal do PPD/PSD, já vem de há muitos anos, é muito anterior aos actuais dirigentes tomarem conta do partido e sem que os lideres nada fizessem para inverter a situação.
Quando o partido começou a acumular derrotas, porque não se teve a coragem de atribuir responsabilidades a quem efectivamente as tinha?
Será que foi por negligência, desinteresse ou impotência dos dirigentes regionais?
Como é possível, que se chegue ao ponto, da líder do PPD/PSD dos Açores tentar convencer um militante do CDSPP para encabeçar uma lista de coligação à Câmara Municipal do Corvo?
Por coincidência, ou talvez não, o convidado do CDSPP, é um dos fundadores do PPD que, como muitos outros, foram marginalizados e afastado do PPD/PSD, só por terem cometido o delito de serem mais inteligentes e não se deixarem levar por aqueles que queriam dominar o partido para se servirem e nunca para servirem, nem o partido, nem a ilha.
Bem me apetecia, escrever sobre os grandes responsáveis pela situação a que o partido chegou no Corvo, porque durante décadas, foram esses interesses pessoais e de grupinhos, que falaram mais alto que os interesses colectivos do partido e da ilha.
Mas, não o vou fazer por duas razões:
Primeiro, porque se há tipo de animais que me repugnam, são os rastejantes, que além de repelentes, não têm cerviz e adaptam-se a qualquer buraco, conforme as conveniências;
Segundo, porque poderia inadvertidamente, atingir pessoas que muito prezo e familiares que não tiveram opção na escolha dos seus progenitores.
Em 1912, o republicano Porfírio Rodrigues, em pleno arrependimento escreveu: “Se eu soubesse que a Republica que tinha idealizado era a porca que me saiu, não me tinha sacrificado”.
Hoje, muitos dos que fundaram o PPD no Corvo, com muito empenho, dedicação e sacrifício têm razões profundas para pensarem o mesmo em relação ao partido.
Os já falecidos, de certo estarão às reviravoltas nos seus túmulos por tão indigna situação. Os ainda vivos, assistem com tristeza ao afundamento do partido que, modesta e desinteressadamente, também ajudaram a fundar, o qual foi o principal sustentáculo da nossa Autonomia.
CRÓNICAS DA MINHA TERRA
TRISTE ESPECTÁCULO
No artigo que escrevi, neste jornal, a 15 de Fevereiro p.p., com o título “TEMAS AMBIENTAIS”, chamei a atenção para o facto de, quando já vamos a caminho de dois anos sobre data em que o Corvo foi considerado, pela UNESCO, “Reserva da Biosfera”, continuarmos a ter a lixeira a Céu aberto a debitar fumos e cheiros para a Vila, conforma a foto incluída bem o demonstrava.
Escrevi, também, que na última visita do Governo Regional ao Corvo, tinha sido “prometido” construir um aterro sanitário num local que eu discordava e discordo, mas também sugeri um local que considero o mais apropriado, o “Rechão dos Vales”.
No entanto, e, posteriormente, o senhor Secretário Regional do Ambiente e o senhor Director Regional, já visitaram o Corvo e tomaram três opções que considero:
Duas positivas; E uma extremamente negativa.
A primeira, positiva, foi a opção de exportar para fora da ilha, certo tipo de lixo, como pneus, frigoríficos, fogões, pilhas, etc, etc, para reciclagem, uma vez que não é possível existirem, centrais de reciclagem, em todas as ilhas;
A segunda, positiva, foi não fazer o aterro sanitário no local do Junsalim, pelas razões que referi no artigo super citado;
E a extremamente negativa, foi a decisão de manter a actual lixeira, a Céu aberto, no local em que se encontra.
Desde sempre defendi que, ter colocado a lixeira no local em que se encontra, foi um erro tremendo pelas razões que os corvinos muito bem conhecem, mas querer continuar a mantê-la, é contraproducente e digo isto, não para criticar, por criticar, até porque tenho consideração pelos responsáveis da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, em especial pelo jovem Prof. Dr. Frederico Cardigos, por quem tenho a máxima consideração, respeito e estima pessoal, pois conhece-o desde adolescente, além de que são dois Professores Universitários altamente qualificados, cujo as suas aptidões técnicas e profissionais, são por demais reconhecidas. O que deixo aqui, é um veemente apelo aos senhores Secretário Regional e Director Regional, que repensem a possibilidade de encerrar a actual lixeira para que, imagens como as que as fotos documentam, as quais foram tiradas na lixeira e por coincidência no passado dia 25 de Abril cerca das 14H30, dia em que se comemorava o 35º. Aniversário da Revolução dos Cravos que nos possibilitou podermos ter Autonomia, não seja possível continuarem a ser vistas pelos corvinos e por quem nos visite, porque são imagens demasiado violentas e deveras degradantes, para existirem
O animal morto, que a foto mostra, só não ficou definitivamente a se decompor ao ar livre na lixeira, com todas as sequelas daí resultantes, porque o seu proprietário teve o bom senso de a enterrar por conta própria.
Compreendemos que estamos em tempo de crise, que os recursos financeiros são limitados e que para encerrar a actual lixeira, é necessário fazer outra, ou um aterro sanitário, o que como é óbvio, implica verbas bastante avultadas, mas há que definir prioridades, porque não podemos, nem devemos, poupar no essencial, para mais quando está em causa factores tão importantes como a salubridade pública, mas sim, devemos ter contenção no supérfluo e em obras megalómanas como por exemplo um Pavilhão Multiusos de utilidade duvidosa, pelo menos nesta fase difícil.
Como a esperança é a ultima a morrer, espero e faço votos para que o bom senso impere, para bem de todos em especial dos corvinos.
ASSIM VAI O MEU PAÍS
Na edição do jornal “AS FLORES” nº.621 de 24 de Janeiro de 2008, escrevi um artigo com o titulo SOCORRO SENHOR PRESIDENTE, em que fiz uma análise, muito negra, da situação para onde a incompetência do governo estava a conduzir o nosso País, nomeadamente na saúde, justiça, educação, economia, etc.
Citava mesmo o Dr. Manuel Alegre no debate do OE para 2008, que disse: “… somos o País mais pobre da EU. Dois em cada cinco portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza e as desigualdades são cada vez maiores (…)”.
Escrevi, também, que a mentira se tinha institucionalizado, que fazia parte do nosso quotidiano e fiz o seguinte alerta: “Senhor Presidente da República, SOCORRO, ACUDA-NOS, enquanto é tempo, V. Exª. não pode, nem deve, fechar os olhos, assobiar para o lado como se nada se passasse e deixar andar, ponha fim a esta derrocada, demita este Governo, porque se não o fizer, os portugueses já mais o perdoarão e ficará indelevelmente ligado, para sempre, à hecatombe económica e social para onde caminha a passos largos o nosso País.”
Como é óbvio, nem eu tinha essa presunção, o senhor Presidente da República não leu o artigo, mas também não exonerou Sócrates. Porém, e infelizmente para todos nós, as minhas previsões confirmaram-se. A hecatombe económica e social está aí, ainda não em toda a sua plenitude, mas todos os dias vemos fábricas e empresas a fechar, o desemprego a aumentar assustadoramente, milhares de famílias a viver na miséria e sem poderem honrar os seus compromissos.
No entanto, como se a situação do País não fosse trágica, a grande preocupação deste governo é continuar a controlar tudo e todos, até a justiça, para tentar esconder as trapalhadas de Sócrates e do seu (des)governo, em que o exemplo mais flagrante, é o já famoso caso Freeport que, segundo os jornais, o SOL e CM, foi a mando do ministro da justiça que o procurador Lopes da Mota aconselhou os procuradores que investigam este caso, para o arquivarem, para não prejudicar Sócrates, dizendo que, “…estão sozinhos”, e, “… podem sofrer represálias”.
Mas não é só, a corrupção instalou-se a todos os níveis e a mentira, cada vez mais, institucionalizou-se. Há dias o líder dum dos partidos da oposição dizia: “… se há coisa que o primeiro-ministro nos habituou é dizer, não verdades, aos portugueses,”. Não, não, para mim NÃO VERDADES = METIRAS e esta equação, só tem um resultado possível: Mentir+Mentir = MENTIR e quem o faz é MENTIROSO, não há volta a dar nem adjectivo mais dulcificado.
O problema dos mentirosos, é que não sabem falar verdade e quando, ocasionalmente, o fazem, ninguém acredita, porque como dizia a minha Santa avozinha, “quem mente uma vez, mente sempre”.
Na História da nossa Monarquia, todos os Reis tinham um cognome, como por exemplo: D. Afonso Henriques, (O Conquistador), pelas terras que conquistou aos Mouros e D. Diniz, (O Lavrador), pelo que fez pela agricultura. Por isso, julgo que é de toda a justiça dar o cognome de, (O MENTIROSO), a este PM que bem o merece. A história se encarregará de o demonstrar.
Segundo tudo indica caminhamos, a passos largos, para a Banca-Rota.
Será que é isso que o senhor Presidente da República quer?
Que mais será necessário para tomar a posição que se impõe?
“MEU POBRE PORTUGAL, HEI-DE CHORAR-TE!”. Alexandre Herculano, em 1838. Frase actualizadíssima 171 anos depois.