JORNAL CORREIO DOS AÇORES
Director: Américo Natalino de Viveiros Director Adjunto: Santos Narciso
26 de Novembro de 2013
CARTA ABERTA AO SENHOR
PRIMEIRO-MINISTRO
Lino de Freitas Fraga
Senhor Primeiro-Ministro, estou profundamente zangado e desiludido, comigo próprio, de ter votado em si nas últimas eleições para a Assembleia da Republica.
Como diz um dos meus amores: “O Avô, já tem idade para ter juízo. Para que votou nele?”. Grande verdade mas, entre muitos outros, tenho o grande defeito, genético, de acreditar nas pessoas.
Devo confessar, também, que o meu voto nas últimas legislativas foi mais um voto anti-Sócrates, do que realmente um voto para o Paços Coelho e na carta aberta ao senhor Presidente da Republica está bem claro a minha aversão ao desgoverno de Sócrates.
Não me perdoo, jamais, de ter votado em si mas, o senhor enganou-me, aliás, enganou centenas de milhares de eleitores portugueses que, hoje, puxam os cabelos do erro que cometeram.
Sim, o senhor enganou-me e, digo-lhe com toda a frontalidade, que quem me engana uma vez, não me volta a enganar.
Tudo o que prometeu que iria fazer diferente e melhor que Sócrates, depois de chegar ao poleiro fez precisamente o contrário.
Vou dar-lhe apenas dois exemplos para não me tornar fastidioso para os leitores:
O senhor afirmou na campanha eleitoral e nas televisões, que não tocaria nos subsídios de férias e Natal, nem baixaria as pensões e reformas.
Depois, bem, depois, deixou cair a máscara e só não fez ainda pior, porque o Tribunal Constitucional não deixou.
O senhor faltou, garantidamente, à verdade o mesmo é dizer que, mentiu aos eleitores portugueses e não me venha dizer que não sabia que ia encontrar as finanças públicas como encontrou, porque isso é mais uma inverdade=mentira. Inverdades+Mentiras=Mentir!
Centenas de milhares de portugueses, para terem uma reforma, descontaram, 36, 40, 45 ou mais anos, muitos milhares descontaram os anos que estiveram ao serviço da Pátria, no Ultramar, sobre o que ganhavam quando pediram a contagem do tempo e não sobre os míseros escudos que recebiam na guerra, com a promessa do Estado Português, de terem uma reforma para as suas velhices, de acordo com o que ganhavam, obviamente.
Mas, agora, o que é que vêm estas centenas de milhar de portugueses?
O Estado Português que, devia ser pessoa de bem e não é, falha com as suas promessas e está-nos retirando, aliás, roubando, aquilo a que tínhamos e, temos, direito!
O senhor não faz a menor ideia do que é a vida fora da redoma em que vive, à minha custa, muitos anos na Assembleia de República e agora como PM;
Não sabe o que é ser pobre e viver com reformas de miséria;
Não sabe o que é ver os filhos com fome e não ter dinheiro para comprar alimentos para os saciar;
Não sabe o que é ter a certeza de não ter um futuro, para si e para os seus filhos;
Não sabe o que é ser velho e doente e, a reforma não chegar para comer e medicamentos e ter que optar entre morrer à fome, ou morrer sem a medicação;
Enfim, o senhor não sabe nada da vida real;
O senhor, não sabe nada de nada, além de estar impreparado para o cargo e de não passar de ser um produto de plástico fabricado por agências de imagem;
Ao longo de três orçamentos que impõe duríssimos, sacrifícios aos contribuintes e não acerta uma, estamos cada vez pior.
Estou zangado comigo próprio e não me perdoo, sim senhor, porque sinto-me envergonhado de, com o meu voto, ter ajudado o senhor e os seus LACAIOS a chegarem ao poder, traindo assim, involuntariamente, a memória de Francisco Sá Carneiro e dos fundadores do partido, já falecidos que, decerto estarão às reviravoltas nos seus túmulos, por verem o senhor e o seu desgoverno a destruir o País, a fazer do PSD um embuste e verem arruinar o seu partido do Minho ao Algarve e Trás-os-Montes ao Corvo, nas mãos de incompetentes.
O senhor está pago e bem pago, à minha custa, para trabalhar e resolver os problemas do País mas, já provou que, dado a sua incompetência, não é capaz de o fazer, por isso demita-se e já vai tarde.
Senhor Primeiro-Ministro, porque já fez mal demais a Portugal e aos portugueses, demita-se já.
Vá embora já, porque está sendo o coveiro do País e do PPD de Francisco Sá Carneiro.